sábado, 20 de abril de 2013

GOSTO AMARGO


As palavras não saem da garganta, o coração quer soltar mais o cérebro censura.
Os momentos são tão poucos, as horas são tão minúsculas, mas aproveitar os segundos é mero desperdício quando não se tem um verdadeiro motivo para aproveitá-los. Queria poder dizer tanta coisa, queria poder sentir tanta coisa, queria poder participar de tanta coisa.

Os momentos são escassos e não são aproveitados. Lá na frente quando o tempo passar, quando todas as curtições da vida simplesmente forem meras lembranças, lembrarás também do quanto era legal estarmos lado a lado e das nossas conversas escassas, porém verdadeiras. Se lembrará das nossas brincadeiras, das piadas, dos abraços sem dizermos uma só palavra mais cheios de sentimento.

Tinha tudo pra ser muito legal...quem sabe teria sido no passado...quem sabe seja no futuro. O tempo passa rápido, as palavras ecoam no tempo, os sentimentos não deixam as feridas cicatrizarem.

Que meu cérebro continue a me censurar, pois, meu coração já está ficando velho e cansado...temo que ele não consiga segurar por muito mais tempo o que quer soltar...temo que o tempo não deixe esse momento chegar...vida curta...tempo escasso...cérebro confuso.

Preferível enterrar as palavras junto ao meu corpo... preferível levar comigo as palavras que ferem...preferível ficar com o coração estraçalhado...alma doente.

O sangue pesado que corre pelas minhas veias,
O gosto amargo da minha própria censura que não sai da boca,
As pálpebras cansadas que pouco se erguem,
A saliva salgada que seca a boca,

Minha alma se apaga... minha garganta seca... minha visão fica turva...

Não sou mais eu...não sou mais ninguém...sem identidade...sem passado...sem presente e  na ausência total de um futuro.